
A ascensão asiática desafiou a ordem global estabelecida no século passado, transformando o continente no palco de grandes inovações e notória participação no âmbito internacional. Ao longo das últimas décadas, observou-se o crescimento no número de exportações de países asiáticos para diversas partes do globo, alcançando o mundo ocidental. No ano de 2024, a expectativa para a região era uma contribuição de 60% ao crescimento global. A mais recente expectativa acerca da Ásia é que esta cresça 4,4% em 2025 – projeção feita pelo FMI – o que intensificaria a sua atividade comercial com os seus respectivos parceiros, inclusive o Brasil, que apresenta-se como importante aliado dos países orientais em diversos setores há anos.
E o ano atual não se distancia dessa realidade, já que pode-se analisar que os produtos brasileiros possuem mais de 2.700 oportunidades para exportações no Sudeste Asiático – e até mesmo atingindo a Oceania – com destaque aos setores de combustíveis, produtos alimentares e artigos manufaturados, que somam US$ 322,2 bilhões no total. Situação extremamente favorável aos produtores brasileiros, já que o país exporta, atualmente, mais às cinco economias do ASEAN – Singapura, Malásia, Tailândia, Indonésia e Vietnã – do que aos parceiros do G7, como Japão, Alemanha, Reino Unido, França e Itália, além do bloco ter se situado como terceiro principal destino das exportações brasileiras em 2023. Fazendo com que esse estreitamento nas relações beneficie o país.
Nota-se que, até setembro de 2024, as vendas brasileiras ao bloco emergiram em 8,8% em comparação ao mesmo período em 2023, demonstrando que o potencial de fluxo é grande e promissor. Toda a conjuntura resultou no objetivo de reforçar a presença do Brasil na região por parte da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), que consiste na criação da casa Brasil em Xangai, para que seja possível a presença de entidades do setor produtor nela, como também, na abertura do escritório da agência em Singapura, já que esta é o centro logístico de ⅓ do comércio mundial. Com isso, a região caracteriza-se como ponto fundamental à expansão do comércio do país latino.
Ademais, nota-se outro grande agente, a China. No ano de 2024, a venda dos produtos do agronegócio brasileiro resultou num montante de US$164,4 bilhões, em que US$49,7 bilhões foram somente da China. Esta é o principal importador do complexo de soja brasileiro, já que essa consome mais de 60% da soja produzida no comércio mundial, e a brasileira foi responsável por 54% das importações chinesas. Apesar de tais dados, o produto mencionado não foi o destaque do último ano, pelo contrário, o complexo de soja e cereais sofreu redução nas vendas devido à menor safra e ao achatamento dos preços internacionais. Entretanto, o quadro foi compensado pelo incremento da exportação de produtos tradicionais, como carnes bovinas (+11,4%), complexo sucroalcooleiro (+13,3%), produtos florestais (+21,2%) e café (+52,6%), mostrando que as outras commodities brasileiras possuem força para ganhar espaço e oportunidades no mercado oriental. O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, destacou que, para 2025, as perspectivas de recordes de safra e de produção de diversos produtos do agronegócio, apontam para novos recordes em volume e valor neste ano.
Acerca do setor tecnológico brasileiro, a China se faz extremamente presente. Ambos os países já possuem uma cooperação em áreas como tecnologia espacial, ciência básica, biotecnologia, mudanças climáticas e saúde pública. Sendo um destino promissor para novas oportunidades de negociação no campo tecnológico. Este cenário intensifica-se com a assinatura de cinco memorandos no ano de 2024 pela ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, com o governo chinês, visando estabelecer uma cooperação nos setores de tecnologia nuclear, agricultura familiar, indústria fotovoltaica, inteligência artificial e fonte de luz síncrotron. A ministra afirmou que o intercâmbio científico e tecnológico e a cooperação entre os dois países será benéfico ao setor acadêmico e produtivo do país, já que pode contribuir contribuir com o Centro Tecnológico Nuclear e Ambiental (CENTENA) no gerenciamento de rejeitos e meio ambiente, e com Reator Multipropósito Brasileiro na pesquisa e produção de radioisótopos aplicados na medicina, agricultura, indústria e testes de materiais.